domingo, 23 de dezembro de 2007

24.12.2007 - para todos os amigos


Queridos amigos

Estou na minha cozinha, de avental vermelho, a condizer com as flores típicas desta quadra festiva. A farinha, o açúcar, ovos, pão das rabanadas, a canela, o chocolate para aquele doce mais especial, misturam-se por entre os meus dedos.
O calor da lareira aquece ainda mais o já doce e terno ambiente da minha pequena família.
A mesa, já enfeitada a preceito, sente a falta de muita gente… Os mimos a serem trocados, estão elegantemente entrelaçados entre a árvore decorada a branco e dourado e o singelo presépio de barro colorido.
Há musica no ar, brilho nos olhares marotos que não deixam arrefecer as filhós acabadas de fritar, e a taça dos sonhos que teima em estar já quase vazia…

É Natal. Noite mágica! Noite de afectos, de amor, do nascimento!

Mas… quisera eu transformar todo este festim, em pequenas partículas de vida, alegria, dignidade e espalha-las em tantos cantos e recantos…
Fica-me apenas a vontade.. como egoísta que sou… só o digo… não o faço!

Um carinhoso beijo
Rosamaria

musica ** ´Natal

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Desassossego-me

Desassossego-me
nesta ânsia de te ver
só de longe meu amor
só de longe…
O brilho do meu olhar
está agora nas tuas mãos
e eu que não as toco
nem de leve
nem ao de leve…

(assim… sentes?)

O frio entranhou-se-me na alma,
não foi o inverno que chegou,
é a tua ausência.
Regressa, depressa
num voo rasgado
que meu peito suspira…
E olha-me
olha-me nos olhos
vê todo o meu amor
neste sorriso envergonhado.
Veste-me de carinho
despir-me-ei de lágrimas
e num cântico envolvente
em notas soltas de paixão
serei sempre tua.. por inteiro.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Perdi-me no bosque


Perdi-me no bosque
da ilusão,
de diálogos interditos
vacilei entre a calma
imperativa
e o enigma dos sinais omissos.
Divaguei
entre a sombra tecida
de finos, quase invisíveis
raios de lucidez
maturados de súplicas olvidadas.
Nesta insónia,
que me engole lentamente,
adormeço sabores, doces
celestes, quase virgens.
Transfiguro-me
numa cegueira lacustre
deito o corpo cansado,
fustigado,
nas quilhas de árvores
desse bosque ilusório
tecendo fio a fio
a teia do esquecimento…

(que me serve de leito)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Havia Silêncio

Havia silêncio.
A música despia-se
pétala a pétala
numa torrente
de átomos quase áureos.
Eram muitas as almas
que, emudecidas,
sorviam gota a gota
do tempo que ora corria,
ora era dolorosamente lento.
A voz,
aconteceu.
Era um menino
tímido, envergonhado,
sem a consciência
consciente
da grandeza do seu pertence.
Os mimos soltaram-se
em lágrimas
que rolaram
completamente afónicas.

Foi um momento
apenas e só um momento
de pura verdade,
de encontro
entre a nudez da simplicidade
e o cálice
que guardava sonhos!

Foi nessa calmaria,
em solo sagrado de ternura,
que te ofereci
unicamente
e em silêncio
o orvalho dos meus olhos.