terça-feira, 30 de outubro de 2007

Nas orlas de um tempo lento

Nas orlas de um tempo lento,
num rosário de penas
em forma de lágrimas,
aí…
ajustar-me-ei descalça
na fragilidade do meu querer
ou na fragrância
da minha timidez.
Desenharei, em círculos
e voos rasgados,
o meu sorriso frágil,
envergonhado.

Aqui,
na janela do teu ser
ficarei…

retida,
(numa partida adiada)

à espera
que me aprendas!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Não me apresses



Não me apresses
que estou calma,
calada
para todos me ouvirem.
Os momentos desta espera
são únicos,
não te impacientes
ficarei calma assim:

sossegadamente
silenciosa.

         (dela
          tenho sede)

Olha-me com atenção,
que desatentos
não quero mais.

sábado, 27 de outubro de 2007

A manhã aclarara

A manhã aclarara,
o barulho da madrugada
tinha agora um ritmo contagiante.
Rostos sonolentos,
pinturas ainda frescas,
sorrisos envergonhados,
livros abertos nas mãos,
numa última leitura apressada.
Aninhava-se a criança
no regaço doce e quente,
como se o joão-pestana
não a tivesse despertado.
Faziam todos eles,
parte desta aguarela
colorida à pressa....

E na curva do relógio,
estúpido,
estavas lá.
De mochila ao ombro,
sorriso ao fundo da vida,
monstro,
vi bem o teu rosto.

Morri ontem
e não pereci sozinho.
Foram muitos
os companheiros
desta viagem
sem bilhete de regresso.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

musica ** Roxette

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Esqueci o teu nome

Esqueci o teu nome,
lembro apenas o rosto
e as lágrimas
que caíram nas minhas mãos.
Abraçavas a morte e o desamor
numa balada imperfeita
em tons de enredos mentais
tão dolorosos.
Afaguei ao de leve
teu verde olhar,
que de tão verde
a esperança se despiu

-vestiu-se de negro.

Não fiz parte desse quadro
pincelado rudemente
com bofetadas alisadas
por silêncios suicidas.
Paralisada, amarfanhada
de mim, fui autista.

Esqueci o teu nome,
guardei tuas lágrimas
e com elas me lamento.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Junto faces cristalinas


Junto face cristalina
na tua mão aberta,
perco meus medos
e rendo-me dócil
numa aurora dengosa.
Em traje de guerreira
sem lanças
sem punhais…
apenas lenços de cetim
guardam beijos de paixão
dobrando as horas
do encontro clandestino.
Nessa tua mão aberta,
deposito minha virgindade
e entre o nevoeiro
moldas as tuas mãos
no volume deste corpo
que flutua,
na cumplicidade do luar
no imenso e no tanto…
na dança dos adormecidos.

E eu…

fico desperta,
esperando a madrugada
de todos os outros dias.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sente o cheiro das lágrimas


Sente o cheiro das lágrimas,
procura no jardim
a flor mais lassa
e vais perceber
que aí, eu estou.
A luz deve estar
ainda acesa
entre as duas e as três

- sabes que deambulo
perdida nas minhas insónias,
encontrada nos mimos
que o silêncio me oferta -.

Pensa,
pensa em mim
mas sem mágoas,
porque essas,
levei-as comigo
para não te atormentares.

Quarteto- Vanda - Vera - Manuela - Rosa Maria

Desconhecido

Dispo-me de sentimentos
roço nas esquinas da alma
levo espumante para saciar tua pele
-entorna-o no meu corpo
lascivo, provocante.

Beija meus lábios de morango
com o chantilly da tua boca,
vem, toma-me como tua
ficarei nua nos teus versos
possui este corpo que te grita

-Sou selvagem devora-me!

Faz do teu corpo o meu lençol,
adoça-me em delírio
sem juízo, sem limites
alaga-me em sorrisos e desejos
como se mais nada importasse...
Faz-me tua, nesta maresia de sentidos,
louca loucura tua, amante.

E sem receio da alma nua,
descobre os segredos contidos
quebra-me a rocha do silêncio e vem
viril, macho,

… meu desconhecido.



Apeteceu-me recordar uma louca noite, entre gargalhadas e pura amizade.... nasceu assim este poema "Desconhecido", feito a quatro mãos! Ah... este poema foi lido no almoço do lançamento do livro da Manuela, para todos os presentes! Um beijinho a cada uma de vós.

domingo, 21 de outubro de 2007

Feitiço quebrado


Feitiço quebrado
abençoado,
sonhos sonhados
numa redoma de vidro
qual princesa desperta
por mágico ósculo de vida.
Ternura
em chuva de sorrisos
te ofereço.
E…
quedo-me
solene,
nesta abençoada
dádiva
de quem de ti
espera
desesperando
um olhar,
um sinal
um toque de encanto!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

In(quieta)


Inquieta
deambulo pela areia fina
de uma praia
que se espreguiça
tão longe que toca o horizonte.

Quieta fico,
absorta num silêncio
tão desesperadamente
desejado
reencontrado.

Quieta espero,
num acto inocente,
a partilha
da nostalgia do momento
neste encontro suspirado.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bailamos


Bailamos
numa sequência trémula,
no frenesim do toque
que só acontece
depois…
do fingimento
de uma timidez propositada.
Nos sinais
que o íntimo permite,
saboreamos
um turbilhão silencioso
na loucura
de loucos amantes,
saciando
na penumbra libidinosa,
lasciva,
devaneios
secretos
em espasmos de corpos
numa redenção
calma….
quase cândida.

Segredos bebidos
em cálices de erotismo
á luz do luar.

Dueto - Manuela Fonseca e Rosa M. Anselmo

Ganho o mar dentro do peito
Alio-me aos Peixes de sentir
Margens inequívocas de lodo
Estendidas em amanheceres cristais
Ou em noites de Vendavais
Onde a dor se cola à minha Cruz
E eu bato à tua porta
Num sereno Truz-Truz...

Abri-te a porta
Abracei a tua dor
Ofereci-me de sacrifício
No altar da tua cruz
E no amanhecer do amanhã
Serei eu
A onda desse mar
Que alimentará teu peito

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Solto as asas


Solto as asas
num tormento dormente
e sufoco
num pesar que agonia.
O azul dos teus olhos
percorre espaços invisíveis,
flagela
emudece.
Choro contida de raiva,
queria que a vida
não te fugisse assim
meu querido,
meu anjo.
Ainda a noite não caiu,
chega-te a mim
aquece-te no meu calor
suspira...

Mas
suspira por mim.

domingo, 14 de outubro de 2007

Correm lágrimas


Correm lágrimas
pelas veias…
Deveriam ter sangue
vermelho ou azul
mas não.
São lágrimas salgadas
líquidas de medos
numa urgência
grávida de tédios
flocos, bolhas
novelos
enredos de espasmos.
Seguem o curso inverso
da corrente sanguínea
o coração não é o seu destino…
Andam á deriva
na babilónia dos gemidos

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Não te reconheço na tua maturidade


Não te reconheço na tua maturidade!
Tonta, enfraquecida nas ilusões da quimera,
da fantasia que controlas sem controle.

                                  Ver-te... apenas e só

Sequência de sonhos descontrolados
repletos de teias de encanto.
É a fantasia que alimenta algo
que só a fantasia sabe criar.
É o doce encontro de pétalas
que se tocam à distância.
São frases soltas, mas cheias de incógnitas,
misteriosas, de mel doce, provocante.
É o desejo de saltar o estipulado,
de contrariar o desejo da ilusão
que ilude sentidos desfalecidos e doces.
É o sabor de tempestade
que espera calmaria.
É sol que brilha
numa nuvem tão espessa...
É o sorriso da apatia
cândida e apaixonada da adolescência...
Sente-se, abençoada quietude
de dor, sem dor....
apenas chama que arde
e consome a vontade de não sentir.

                                  Ver-te... apenas e só!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Beija meus lábios


Beija meus lábios
molhados
salgados
doces.
Toca meu rosto
faminto do teu olhar.

Dança teus dedos
no meu cabelo
solto
irreverente.
Sorri
ao meu sorriso.

       Deseja...
           ...meu desejo.

musica ** Jorge Palma

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Daqui, de onde te nao vejo


Daqui, de onde
te não vejo
o olhar fragmenta-se
em vidros obscuros
ou em brumas…

…correm prantos
neste peito agitado
por ti esperando
num aperto tão suspenso
que não sinto
não vislumbro
a fome da minha pele.
Seco, esmorecido,
amarfanha-se o desejo apagado
que balanceia
cachoeiras de enleios
nesta noite tão densa
tão insana,
que os olhos cerram-se
numa clausura amnésica
da espera.

                Esse teu perfume
                já não o reconheço…
                desfigurou
                o cheiro da tua pele!

musica ** Kenny G-The moment

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

No labirinto do silêncio


No labirinto do silêncio,
balança a dança
dos sinais
de olhares coloridos
á pressa,
numa mescla
de alegrias
e desventuras.
Nesse labirinto,
desencontro
o caminho perfeito
e numa roda
que rola, enrola,
rebola ,
volto
numa volta tardia
ao ponto de partida.

Silêncio
prazer
volúpia
o encontro secreto
contigo…
...
Amante.

domingo, 7 de outubro de 2007

Fernão Capelo Gaivota

Adormeci enrodilhada


Adormeci enrodilhada
em vestes de cerimónia.
Era preta e de renda
a preceito, mas singela.
Pouco importa agora
se o bordado é de cetim,
se a noite antecede o dia
ou o dia vem depois da noite.
Perdi o sentido do tempo
das horas, dos soluços,
por tanto palmilhar
cantando teu nome,
chorando à lua,
dormindo abraçada
ao sonho que já eras.

sábado, 6 de outubro de 2007

musica ** Sarah Mclachlan

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Calo a raiva


Calo a raiva
que tolda os sentidos
grito
um grito dilacerante
que me dói
tão fundo
tão profundo!
As palavras são nenhumas,
gelam-se
na saliva inexistente,
seca-se a boca
qual fonte quebrada…
São cardos
são espinhos,
fragmentos que mutilam
rasgam a carne
em sangue vivo.
Ai, dor dorida…
tivesse morrido ontem
que a luz hoje
não a enxergo!

          Ceguei tragicamente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

musica ** Leanne rhymes

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Seremos deuses


Seremos deuses,
deuses da ignorância,
cativos na perfeição impar
de quem humano é.
Num patamar distante,
quase intocável te colocas
deus da irreverência.
Calas a fome
escalando horas de prazer,
pulas no tempo
como saltimbanco…
…vais ao céu num gemido
e voltas alado…
chicoteando solos sagrados
profanando-os
na tranquilidade da tua demência.
Mas, mesmo assim
somos deuses sim
de uma imitação menor,
trocamos os frios de inverno
por sois antecipados
de um verão que já não acontece.

E assim…
aclamamos
a nossa imortalidade.

musica ** Blondie

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Cubro o corpo com vestes


Cubro o corpo com vestes
feitas de sonhos
matizo as faces
em tons de sedução
e desejos desapegados.
Nos olhos, pinturas que ondeiam
entre o verde esperança
e branco cetim.
As mãos adorno-as
de orgasmos de sabores
devorados numa tarde
já tão serôdia,
que o vermelho
enfeitava o horizonte.
Meu andar, tecido exótico
tão erótico, que te queimas.
Noite adentro
sou serva, dama,
e orgíaca
Apetece-me ser assim...
tão devassa, impudica
quebrada, sem elos
que me sustentam
neste soturno soluço.

Sou aquela
sim….
a prostituta
…e também choro!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

musica** Neil Sedaka