sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Sento-me num sofá sem tempo

Sento-me num sofá sem tempo
em posse sensual, desabusada
espero-te com sorriso libidinoso,
nos lábios um toque vermelho
de paixão desmesurada.

O decote, intencionalmente descaído
espera teu olhar devorador,
ao lado, licor doce
que afoga a sede de ti.

Abre-se a porta
teus passos lentos
vigorosos, soam-me estranhos….
Elegantemente cruzo as pernas,
estás ali, mesmo à minha frente.
Elevo o rosto, lambo o vermelho
dos meus lábios
e rasgas-me as vestes
numa fúria excitante.

As minhas mãos perdem-se no teu corpo
numa fome reprimida
pulsa o desejo já descontrolado
os corpos unem-se em beijos loucos
tão loucamente perversos..
amamos-nos
e delicadamente as palavras
ficam por dizer…
para quê?

- Comprei uma hora dos teus serviços. Saíste sorridente, mas apressado. Eu... por ali ainda fiquei… sem o vermelho rubro do bâton e... sozinha de novo!

8 comentários:

Anónimo disse...

Adoro este sofá sem tempo e a forma como entraste dentro de uma personagem como tantas que andam por aí... Pedindo um pouco de amor a troco de dinheiro!

Beijo grande

Anónimo disse...

E SE SONHA LOUCAMENTE E O DESEJO QUE IMPERIALIZA TODO NOSSO CORPO,QUEM DISSE QUE FICARIA SOZINHA SEMPRE VOLTAREI QUANDO QUISER.

Pedra Filosofal disse...

És uma senhora das palavras. Sem dúvida alguma.

vai buscar o miminho que te deixei no meu blog.

Beijos

Pedrinha

Chellot disse...

Esse sofá é libidinoso, mas deixa a desejar quando é abandonado sem uma palavra de consolo: volto.

beijos de música.

As palavras que te digo disse...

Por acaso encontrei seu blog em luso poemas, e gostei muito!Parabéns

impulsos disse...

Rosa
Excelente poema este, feito de uma hora que compraste em muito boa hora!...
O vazio do antes e do depois, não apagam o extase daquela hora onde os corpos se reclamam e se ganham um ao outro, numa explosão de prazer sem limites...

Beijo

Mel de Carvalho disse...

Rosita,
este poema é de uma excelente retrato de uma realidade social (socialmente triste, mas real).

Talvez seja dos poemas teus que mais me marcaram, de tão forte.

Beijo d(a) Mel

Anónimo disse...

Este sofá é conhecido de tantas de nós. A solidão existe nos momentos do após...
No antes já se está "acompanhado", assim como no durante...
Quantas vezes olhando nos olhos de quem está oficialmente acompanhado vejo um deserto e um horror de solidão.
Rosa acho que captaste bem este sofá tão especial
Beijo
Lurdes Fernandes