domingo, 23 de dezembro de 2007

24.12.2007 - para todos os amigos


Queridos amigos

Estou na minha cozinha, de avental vermelho, a condizer com as flores típicas desta quadra festiva. A farinha, o açúcar, ovos, pão das rabanadas, a canela, o chocolate para aquele doce mais especial, misturam-se por entre os meus dedos.
O calor da lareira aquece ainda mais o já doce e terno ambiente da minha pequena família.
A mesa, já enfeitada a preceito, sente a falta de muita gente… Os mimos a serem trocados, estão elegantemente entrelaçados entre a árvore decorada a branco e dourado e o singelo presépio de barro colorido.
Há musica no ar, brilho nos olhares marotos que não deixam arrefecer as filhós acabadas de fritar, e a taça dos sonhos que teima em estar já quase vazia…

É Natal. Noite mágica! Noite de afectos, de amor, do nascimento!

Mas… quisera eu transformar todo este festim, em pequenas partículas de vida, alegria, dignidade e espalha-las em tantos cantos e recantos…
Fica-me apenas a vontade.. como egoísta que sou… só o digo… não o faço!

Um carinhoso beijo
Rosamaria

musica ** ´Natal

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Desassossego-me

Desassossego-me
nesta ânsia de te ver
só de longe meu amor
só de longe…
O brilho do meu olhar
está agora nas tuas mãos
e eu que não as toco
nem de leve
nem ao de leve…

(assim… sentes?)

O frio entranhou-se-me na alma,
não foi o inverno que chegou,
é a tua ausência.
Regressa, depressa
num voo rasgado
que meu peito suspira…
E olha-me
olha-me nos olhos
vê todo o meu amor
neste sorriso envergonhado.
Veste-me de carinho
despir-me-ei de lágrimas
e num cântico envolvente
em notas soltas de paixão
serei sempre tua.. por inteiro.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Perdi-me no bosque


Perdi-me no bosque
da ilusão,
de diálogos interditos
vacilei entre a calma
imperativa
e o enigma dos sinais omissos.
Divaguei
entre a sombra tecida
de finos, quase invisíveis
raios de lucidez
maturados de súplicas olvidadas.
Nesta insónia,
que me engole lentamente,
adormeço sabores, doces
celestes, quase virgens.
Transfiguro-me
numa cegueira lacustre
deito o corpo cansado,
fustigado,
nas quilhas de árvores
desse bosque ilusório
tecendo fio a fio
a teia do esquecimento…

(que me serve de leito)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Havia Silêncio

Havia silêncio.
A música despia-se
pétala a pétala
numa torrente
de átomos quase áureos.
Eram muitas as almas
que, emudecidas,
sorviam gota a gota
do tempo que ora corria,
ora era dolorosamente lento.
A voz,
aconteceu.
Era um menino
tímido, envergonhado,
sem a consciência
consciente
da grandeza do seu pertence.
Os mimos soltaram-se
em lágrimas
que rolaram
completamente afónicas.

Foi um momento
apenas e só um momento
de pura verdade,
de encontro
entre a nudez da simplicidade
e o cálice
que guardava sonhos!

Foi nessa calmaria,
em solo sagrado de ternura,
que te ofereci
unicamente
e em silêncio
o orvalho dos meus olhos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Encruzilhada - Desafio


Fui desafiada pela Vera de Carvalho para me ligar a esta ENCRUZILHADA: Compôr um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts, usando outras palavras, pelo meio, para dar sentido ao todo.



02 de Novembro, meu amado

Neste e noutros dia, amado
deixo que me leves
tão leve
que são coisas menores
estes medos que paralisam…
Quero perder os sentidos
quando... enfeitiçada,
procuro no encontro do silêncio
a tua voz
o teu cheiro
e em marés cheias
solto-me em dança
no tabuleiro da tua paixão.
Nas orlas de um tempo lento
não adormeças amor,
mas não me apresses
acende apenas
com teus lábios de fogo
um ser
que se alimenta
do teu respirar
de tuas mãos doces
numa aurora límpida
dos nossos sentidos.



Gostei deste desafio e escolhi 6 blogs de amigos, onde me parece que possa ficar bem este tipo de desafio...

Cleo
Vera Silva
Luis Ferreira
Maria
Collibry
Lúcia Machado

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Preciso de falar







Preciso de falar
tarde
ou nunca...
preciso de transmitir
este diálogo
mudo
de mim...

para ninguém.

sábado, 24 de novembro de 2007

Transmuto-me

Transmuto-me…
Sou o que tu quiseres!
Madrugo em segredos,
pestanejo canduras
em múltiplas seduções,
íntimas brumas
que os silêncios exigem.
De mansinho
devolvo ao chão
as roupas que me cobrem.
Teu olhar enche-se
de desejos,
inventas gestos no momento
ora delicados,
ora embriagados
numa latência deslumbrante.
O teu nobre título
ficou à porta…
Agora, és macho pujante,
ousado,
degustas deliciado
o festim que te ofereço.

Colei ao meu corpo
pele de felina.
Transfigurei-me
para saciar a tua essência
oculta, dissimulada…
até de novo vestires
o nobre título, que ficou
do outro lado da entrada!

         assinado "Acompanhante de Luxo"

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Suspiro indomável

Suspiro indomável
neste peito aberto
a carícias atrevidas,
beijos servidos
em labaredas de sabores.
Percorre meu corpo
com teu olhar sedutor,
deita-me em cama
tecida de luares de prata,
desfeita de pudores.
Cola teu corpo ao meu
num abraço tão leve..
quase depravado…
Espero-te num calor desatinado
sôfrego
e nesta tormenta meu amor
suspiro por ti,
desenho flores em mim
visto pedaços de luxúria
ofereço-me em taças de doce licor
que em ti vou beber
gota a gota
numa volúpia consentida,
consumada...
em nós.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

São coisas menores

São coisas menores,
migalhas de pássaro livre
que esvoaça no céu
onde teu olhar se inclina.
Em suspiros doces,
feitos de néctar de flores dispersas,
quebranto-me
em nicho de esperança
e sonhos utópicos
de noites partilhadas.
O vento diz-me teu nome
amaciando a quentura
da minha espera.

Esta noite
serão coisas maiores,
as migalhas
soltei-as em chão que fará brotar
saudade em forma de rosas.

domingo, 18 de novembro de 2007

Um ser

Um ser
apenas carente
talvez sem significado
de existir.
Cansado, rigoroso.
não tentes conhecê-lo,
não tentes cativá-lo.
Procura nas suas chagas
e certamente
encontrarás um porquê

              (a vida o que é senão,
              mais um passo certo para a morte?)

Que a morte venha longe.

Não procures certezas
na sua vida incerta
Tenta amá-lo, receberás desconfiança.
Brinca com ele, cavarás mais depressa
a sepultura da sua existência
sem motivo, sem sentido.
Procura nos confins da noite
o seu leito
a sua marginalidade
e vais encontrá-lo..

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Acende

Acende
reacende o desejo contido
de estar nos teus braços
em favos de mel
construídos beijo a beijo.
Deposita teu desejo
possui-me
desmedida e
furiosamente.
Lembra
relembrando-me
toques secretos
suores viscerais
e em diadema de amor
construiremos afagos
em edifício sagrado
de corpos nus, entrelaçados
em sargaço de paixão
num delírio feroz
de amor, prazer
delícia divina.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Não adormeças


Não adormeças
nas palavras não ditas
nos silêncios propositados,
olhares desvalidos
em malmequer de saudades.
No abraço sentido
ainda não tocado,
- só nas margens deste querer
vou-me entregando
lenta, lentamente
num diálogo consentido
em jardins de rosas
até a noite tocar o sol,
no silencioso desconhecimento
de mim…
Não adormeças
sem que nossas íris se encontrem
e no contiguidade
que o oceano nos promete,
fugitiva não serei
do charme que me ofereces
em tapetes de sedução,
serenatas em forma de seixos lisos
prendas de mar …

…que nos estreita.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quero perder os sentidos

Quero perder os sentidos
nesta paixão
consumida
pelas teias do esquecimento.
Vibrar no encanto
do reencontro.
Adormecer sonhando
teu rosto juvenil
que o tempo
tornou desconhecido.
Dói esta dor
de nada sentir.
Mágoa adormecida,
anestesiada,
escondida simplesmente
num esquecimento
consciente.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Procuro no encontro do silêncio


Procuro no encontro do silêncio
uma ausência disfarçada de queixume.
Divago nas ondas de um céu anilado
o meu corpo desnudado de inocência.
Encontro conchas herméticas,
tropeço na espuma da memória,
emudeço no reencontro de uma luz.

Andorinha presa
desejosa de voar sem rumo
à procura de um utópico lugar.

E as asas, essas agrilhoadas
por medos, contradições e ânsias
disfarçadas numa atitude altiva
de capa impermeável
e limites limitados.

domingo, 4 de novembro de 2007

musica ** Whitney Houston

sábado, 3 de novembro de 2007

Solto-me em dança



Solto-me em dança
esta noite.
O lago do meu corpo
espera-te
neste labirinto de desejos.

Trémula,
me entrego a ti
que não tens face…

teu rosto surge
da vigília nocturna.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

02 de Novembro

Nesta saudade renovada
dia a dia,
florescem sinais no horizonte
tão pequenos,
tão singulares
que me fazem ir ao teu encontro.
Aqui estou
numa tagarelice ligeira,
tratando por tu
as coisas do presente.
As rosas, sempre vermelhas,
fazem-nos companhia
abrem-se á frescura do diálogo.
O sol, esse não fugiu,
oferece-nos o calor
que nos falta….
E esta brisa,
que por nós passa ,
nos trespassa,
alegra-se
pelos sorrisos trocados.
Sim, aqui estou!

          Sentada na laje preta,
           granítica,
            que cobre o teu corpo.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Nas orlas de um tempo lento

Nas orlas de um tempo lento,
num rosário de penas
em forma de lágrimas,
aí…
ajustar-me-ei descalça
na fragilidade do meu querer
ou na fragrância
da minha timidez.
Desenharei, em círculos
e voos rasgados,
o meu sorriso frágil,
envergonhado.

Aqui,
na janela do teu ser
ficarei…

retida,
(numa partida adiada)

à espera
que me aprendas!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Não me apresses



Não me apresses
que estou calma,
calada
para todos me ouvirem.
Os momentos desta espera
são únicos,
não te impacientes
ficarei calma assim:

sossegadamente
silenciosa.

         (dela
          tenho sede)

Olha-me com atenção,
que desatentos
não quero mais.

sábado, 27 de outubro de 2007

A manhã aclarara

A manhã aclarara,
o barulho da madrugada
tinha agora um ritmo contagiante.
Rostos sonolentos,
pinturas ainda frescas,
sorrisos envergonhados,
livros abertos nas mãos,
numa última leitura apressada.
Aninhava-se a criança
no regaço doce e quente,
como se o joão-pestana
não a tivesse despertado.
Faziam todos eles,
parte desta aguarela
colorida à pressa....

E na curva do relógio,
estúpido,
estavas lá.
De mochila ao ombro,
sorriso ao fundo da vida,
monstro,
vi bem o teu rosto.

Morri ontem
e não pereci sozinho.
Foram muitos
os companheiros
desta viagem
sem bilhete de regresso.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

musica ** Roxette

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Esqueci o teu nome

Esqueci o teu nome,
lembro apenas o rosto
e as lágrimas
que caíram nas minhas mãos.
Abraçavas a morte e o desamor
numa balada imperfeita
em tons de enredos mentais
tão dolorosos.
Afaguei ao de leve
teu verde olhar,
que de tão verde
a esperança se despiu

-vestiu-se de negro.

Não fiz parte desse quadro
pincelado rudemente
com bofetadas alisadas
por silêncios suicidas.
Paralisada, amarfanhada
de mim, fui autista.

Esqueci o teu nome,
guardei tuas lágrimas
e com elas me lamento.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Junto faces cristalinas


Junto face cristalina
na tua mão aberta,
perco meus medos
e rendo-me dócil
numa aurora dengosa.
Em traje de guerreira
sem lanças
sem punhais…
apenas lenços de cetim
guardam beijos de paixão
dobrando as horas
do encontro clandestino.
Nessa tua mão aberta,
deposito minha virgindade
e entre o nevoeiro
moldas as tuas mãos
no volume deste corpo
que flutua,
na cumplicidade do luar
no imenso e no tanto…
na dança dos adormecidos.

E eu…

fico desperta,
esperando a madrugada
de todos os outros dias.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sente o cheiro das lágrimas


Sente o cheiro das lágrimas,
procura no jardim
a flor mais lassa
e vais perceber
que aí, eu estou.
A luz deve estar
ainda acesa
entre as duas e as três

- sabes que deambulo
perdida nas minhas insónias,
encontrada nos mimos
que o silêncio me oferta -.

Pensa,
pensa em mim
mas sem mágoas,
porque essas,
levei-as comigo
para não te atormentares.

Quarteto- Vanda - Vera - Manuela - Rosa Maria

Desconhecido

Dispo-me de sentimentos
roço nas esquinas da alma
levo espumante para saciar tua pele
-entorna-o no meu corpo
lascivo, provocante.

Beija meus lábios de morango
com o chantilly da tua boca,
vem, toma-me como tua
ficarei nua nos teus versos
possui este corpo que te grita

-Sou selvagem devora-me!

Faz do teu corpo o meu lençol,
adoça-me em delírio
sem juízo, sem limites
alaga-me em sorrisos e desejos
como se mais nada importasse...
Faz-me tua, nesta maresia de sentidos,
louca loucura tua, amante.

E sem receio da alma nua,
descobre os segredos contidos
quebra-me a rocha do silêncio e vem
viril, macho,

… meu desconhecido.



Apeteceu-me recordar uma louca noite, entre gargalhadas e pura amizade.... nasceu assim este poema "Desconhecido", feito a quatro mãos! Ah... este poema foi lido no almoço do lançamento do livro da Manuela, para todos os presentes! Um beijinho a cada uma de vós.

domingo, 21 de outubro de 2007

Feitiço quebrado


Feitiço quebrado
abençoado,
sonhos sonhados
numa redoma de vidro
qual princesa desperta
por mágico ósculo de vida.
Ternura
em chuva de sorrisos
te ofereço.
E…
quedo-me
solene,
nesta abençoada
dádiva
de quem de ti
espera
desesperando
um olhar,
um sinal
um toque de encanto!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

In(quieta)


Inquieta
deambulo pela areia fina
de uma praia
que se espreguiça
tão longe que toca o horizonte.

Quieta fico,
absorta num silêncio
tão desesperadamente
desejado
reencontrado.

Quieta espero,
num acto inocente,
a partilha
da nostalgia do momento
neste encontro suspirado.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Bailamos


Bailamos
numa sequência trémula,
no frenesim do toque
que só acontece
depois…
do fingimento
de uma timidez propositada.
Nos sinais
que o íntimo permite,
saboreamos
um turbilhão silencioso
na loucura
de loucos amantes,
saciando
na penumbra libidinosa,
lasciva,
devaneios
secretos
em espasmos de corpos
numa redenção
calma….
quase cândida.

Segredos bebidos
em cálices de erotismo
á luz do luar.

Dueto - Manuela Fonseca e Rosa M. Anselmo

Ganho o mar dentro do peito
Alio-me aos Peixes de sentir
Margens inequívocas de lodo
Estendidas em amanheceres cristais
Ou em noites de Vendavais
Onde a dor se cola à minha Cruz
E eu bato à tua porta
Num sereno Truz-Truz...

Abri-te a porta
Abracei a tua dor
Ofereci-me de sacrifício
No altar da tua cruz
E no amanhecer do amanhã
Serei eu
A onda desse mar
Que alimentará teu peito

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Solto as asas


Solto as asas
num tormento dormente
e sufoco
num pesar que agonia.
O azul dos teus olhos
percorre espaços invisíveis,
flagela
emudece.
Choro contida de raiva,
queria que a vida
não te fugisse assim
meu querido,
meu anjo.
Ainda a noite não caiu,
chega-te a mim
aquece-te no meu calor
suspira...

Mas
suspira por mim.

domingo, 14 de outubro de 2007

Correm lágrimas


Correm lágrimas
pelas veias…
Deveriam ter sangue
vermelho ou azul
mas não.
São lágrimas salgadas
líquidas de medos
numa urgência
grávida de tédios
flocos, bolhas
novelos
enredos de espasmos.
Seguem o curso inverso
da corrente sanguínea
o coração não é o seu destino…
Andam á deriva
na babilónia dos gemidos

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Não te reconheço na tua maturidade


Não te reconheço na tua maturidade!
Tonta, enfraquecida nas ilusões da quimera,
da fantasia que controlas sem controle.

                                  Ver-te... apenas e só

Sequência de sonhos descontrolados
repletos de teias de encanto.
É a fantasia que alimenta algo
que só a fantasia sabe criar.
É o doce encontro de pétalas
que se tocam à distância.
São frases soltas, mas cheias de incógnitas,
misteriosas, de mel doce, provocante.
É o desejo de saltar o estipulado,
de contrariar o desejo da ilusão
que ilude sentidos desfalecidos e doces.
É o sabor de tempestade
que espera calmaria.
É sol que brilha
numa nuvem tão espessa...
É o sorriso da apatia
cândida e apaixonada da adolescência...
Sente-se, abençoada quietude
de dor, sem dor....
apenas chama que arde
e consome a vontade de não sentir.

                                  Ver-te... apenas e só!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Beija meus lábios


Beija meus lábios
molhados
salgados
doces.
Toca meu rosto
faminto do teu olhar.

Dança teus dedos
no meu cabelo
solto
irreverente.
Sorri
ao meu sorriso.

       Deseja...
           ...meu desejo.

musica ** Jorge Palma

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Daqui, de onde te nao vejo


Daqui, de onde
te não vejo
o olhar fragmenta-se
em vidros obscuros
ou em brumas…

…correm prantos
neste peito agitado
por ti esperando
num aperto tão suspenso
que não sinto
não vislumbro
a fome da minha pele.
Seco, esmorecido,
amarfanha-se o desejo apagado
que balanceia
cachoeiras de enleios
nesta noite tão densa
tão insana,
que os olhos cerram-se
numa clausura amnésica
da espera.

                Esse teu perfume
                já não o reconheço…
                desfigurou
                o cheiro da tua pele!

musica ** Kenny G-The moment

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

No labirinto do silêncio


No labirinto do silêncio,
balança a dança
dos sinais
de olhares coloridos
á pressa,
numa mescla
de alegrias
e desventuras.
Nesse labirinto,
desencontro
o caminho perfeito
e numa roda
que rola, enrola,
rebola ,
volto
numa volta tardia
ao ponto de partida.

Silêncio
prazer
volúpia
o encontro secreto
contigo…
...
Amante.

domingo, 7 de outubro de 2007

Fernão Capelo Gaivota

Adormeci enrodilhada


Adormeci enrodilhada
em vestes de cerimónia.
Era preta e de renda
a preceito, mas singela.
Pouco importa agora
se o bordado é de cetim,
se a noite antecede o dia
ou o dia vem depois da noite.
Perdi o sentido do tempo
das horas, dos soluços,
por tanto palmilhar
cantando teu nome,
chorando à lua,
dormindo abraçada
ao sonho que já eras.

sábado, 6 de outubro de 2007

musica ** Sarah Mclachlan

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Calo a raiva


Calo a raiva
que tolda os sentidos
grito
um grito dilacerante
que me dói
tão fundo
tão profundo!
As palavras são nenhumas,
gelam-se
na saliva inexistente,
seca-se a boca
qual fonte quebrada…
São cardos
são espinhos,
fragmentos que mutilam
rasgam a carne
em sangue vivo.
Ai, dor dorida…
tivesse morrido ontem
que a luz hoje
não a enxergo!

          Ceguei tragicamente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

musica ** Leanne rhymes

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Seremos deuses


Seremos deuses,
deuses da ignorância,
cativos na perfeição impar
de quem humano é.
Num patamar distante,
quase intocável te colocas
deus da irreverência.
Calas a fome
escalando horas de prazer,
pulas no tempo
como saltimbanco…
…vais ao céu num gemido
e voltas alado…
chicoteando solos sagrados
profanando-os
na tranquilidade da tua demência.
Mas, mesmo assim
somos deuses sim
de uma imitação menor,
trocamos os frios de inverno
por sois antecipados
de um verão que já não acontece.

E assim…
aclamamos
a nossa imortalidade.

musica ** Blondie

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Cubro o corpo com vestes


Cubro o corpo com vestes
feitas de sonhos
matizo as faces
em tons de sedução
e desejos desapegados.
Nos olhos, pinturas que ondeiam
entre o verde esperança
e branco cetim.
As mãos adorno-as
de orgasmos de sabores
devorados numa tarde
já tão serôdia,
que o vermelho
enfeitava o horizonte.
Meu andar, tecido exótico
tão erótico, que te queimas.
Noite adentro
sou serva, dama,
e orgíaca
Apetece-me ser assim...
tão devassa, impudica
quebrada, sem elos
que me sustentam
neste soturno soluço.

Sou aquela
sim….
a prostituta
…e também choro!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

musica** Neil Sedaka

domingo, 30 de setembro de 2007

Quem és tu

Quem és tu
que me atormenta
inquieta
fascina?
Sorvo gota a gota
do teu imaginário
e deambulo,
- numa paixão que me queima -
nas palavras
incógnitas
dualistas.

Quero perder-me
nesse universo desconhecido,
embriagar-me
desmaiando de plenitude.
Convida-me
para entrar
nesse castelo só teu,
onde o conhecimento
é servido em taças
do mais fino cristal.
Teus lábios
sabem a doce poesia.
Deixa-me fazer-te companhia.
No mais profundo silêncio
te escutarei,
flutuando extasiada,
impregnando-me
do teu perfume
misterioso, provocante,
que desperta
a minha ignorância
do saber
que quero possuir.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

musica ** kenny g love song

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Jogo de palavras

Jogo de palavras
meticulosamente calculadas
a ferro e fogo,
mascaram-se
na ferrugem da cobardia,
na chama da carnalidade.
Regressa a rotina
do imperceptível charme,
brilho imundo
no olhar dissimulado.
Nas mãos,
de unhas limadas
e verniz transparente,
o vício
toca as teclas do anonimato,
vomita poesia enlatada
em frases obscenas,
provocadoras,
excitantes.

- É macho, muito macho!

Desprezível figura…

(não sabe ele que sou eu
do outro lado do vidro?)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Rodopia o vento


Rodopia o vento
gira a tempestade
e a bonança tarda a chegar.
Soltas as vontades
irreverências despertam.
E a atenção não é presente.

O jovem flutua
em espaços ambíguos,
lutam, imploram razões
que tardam a chegar.
Encontros ou desencontros
filosofias que alimentam
utopias desejadas.
Passos incertos
paredes escorregadias
atropelos que não se evitam.

E o adulto não sabe
o limite da impaciência.
Soltam as amarras
prendem a liberdade.

E o jovem perde-se
num espaço que não o procura
apenas o entrega
ao acaso dos momentos.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A noite avança tranquila


A noite avança tranquila
e feiticeira
Os corpos tornam-se mel
provocante e irresistível.
Os olhares trocam-se
pecaminosamente tentadores.
A luz fascina rostos normais
transformando-os em belezas
selvagens, misteriosas.
A dança acontece em frenesim
descontrolado e desejado.
Bocas sedentas de tudo
sorriem em cascata hilariante.

Provoca-me que eu quero,
procura-me que eu desejo,
amanhã já é dia...

não te reconheço.

Sem a pintura da luz
sem as roupas retalhadas do sufoco
sem a magia envolvente das nossas noites
sou apenas o meu outro eu

que controlo até à próxima madrugada

sábado, 22 de setembro de 2007

Convida-me a dançar


Convida-me a dançar
abraça-me o corpo
ajusta-o ao teu
deixa-te experimentar
o cheiro, a pele,
o perfume
dos meus sentidos.
E baila
circunda nossos segredos
dando cor à dança
numa cascata
de sons
paixões e algemas.
Dança comigo
numa timidez atrevida,
numa fúria possuída
chicoteando
doces deleites.
E no ímpeto
de um febril devaneio
dir-te-ei:
- amanhã
voltarei a dançar
contigo,
por mim, por ti
numa sedução
acordada –

Desenho laços e fitas


Desenho laços e fitas
com cores luminosas,
enfeito prendas
com bordados
de borboletas
e pétalas de rosas.
Numa caixa de música
a bailarina sou eu
e danço
rodopiando cantigas
de ternura,
pura magia,
como se o tempo
fosse só teu.
Guardado está
este beijo que te dou
em desenhos
e bordados
tocados, fadados
nesta sinfonia perfeita
de mim
para ti.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Rói esta dor sem sentido

Rói esta dor sem sentido,
de mágoa, de perdição.
Escrevo-te como se outra fosse
e desespero na espera.

Olha-me,
.....

cobre meu corpo de mimos,
de poesia sem palavras,
de sentimentos
consentidos
como se os corpos
se fundissem
e o prolongamento de ti
fosse eu,
apenas eu
sem dúvidas,
sem feridas,
sem olhares tristes.

musica ** Kenny G Brian Mc Knight

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Não te vi hoje

Não te vi hoje
na esplanada de sempre
esperei impaciente
baloiçando pensamentos
entre a cólera e a pena.
Marginal, demoníaco
é fácil crucificar-te
opino com uma facilidade
que incomoda,
mas mesmo assim
classifico,
com autoridade de mestre,
a tua dignidade.
Frágil ou astuto
frio, desmedido
assim de trato por tu!
Olhas-me nos olhos
e dizes inquietante:
-Quem és?
-Sabes o que sou?

Contempla,
mas com minúcia.
-Sou o desconhecido!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Se houver próxima vez


Se houver próxima vez
procura-me,
estarei algures
entre um sorriso
ou uma lágrima,
na companhia
de um vento macio
como a tua pele.
Na próxima vez
serei eu a pedir perdão
por não te ter encontrado
nesta imensidão
das luzes da ribalta

- espero,
enquanto não vou,
não me perder de ti -

Porque
da próxima vez,
te prometo
vou encontrar-te.

Podes chamar-me alienada


Podes chamar-me alienada
por querer o sol prateado.
É miragem, bem sei,
rápida, momentânea,
mas quero-me assim,
louca.
Quero ser néctar,
não ter tantas estrelas
ser eu, desnudada
sem nada a reluzir.
Chama-me louca,
assim.
Neste búzio onde habito,
vislumbro pela fissura
um oásis, ziguezagueando
entre os espaços dos dedos.
É, quero ser louca,
assim.
Não ter loucuras
que atormentem a alma,
o meu coabitar.

Chama-me louca,
serei!

No Limiar da noite


No limiar da noite
ofereço-me a calmaria
dos dias apressados,
sem chama,
descoloridos,
lentos.
Rasgo gestos premeditados,
visto longas vestes
negras,
opacas,
que ofuscam
a aurora
de uma viagem pensada.
Guardo sorrisos
numa concha hermética
lanço a chave
na profundeza dos sonhos.

-Lá, só vou eu
e meus convidados -.

Observo-te


Observo-te
na penumbra da calçada
sonhador, reluzente.
Incógnita espero
que teu majestoso rasto
cruze meu caminho.
Fixo teu olhar
perdido por tantos olhares
que te cercam.
Saboreio teu cheiro
tão chique
tão feiticeiro.
Espero
esperando
que teu toque
me toque por acaso.
E muda continuo
na penumbra da calçada.

Teu rasto passou,
teu olhar não olhou
e o toque
não aconteceu
por acaso.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

No Limiar das Palavras



Foi uma honra, um privilégio ter feito o prefácio de "NO LIMIAR DAS PALAVRAS"


Foi sonhado nas brumas do tempo,
feito pedaço a pedaço
em teias de melancolia,
de sensibilidade,
em mistura fina e pura
de palavras que o tempo guardou
e de olhos fechados a alma escreveu.

E, em trocadilhos, metáforas e doce poesia, Manuela Fonseca oferece-vos um manancial de emoções.
Procure e encontre o seu reflexo no espelho da sua vivência, sublimando assim o sentido contido em “No Limiar das Palavras”.

Rosa Maria Anselmo


O lançamento do 1º Livro de poesia de Manuela Fonseca, será no próximo dia 29, pelas 17 horas , na Biblioteca Municipal da Amadora.
Será, certamente um dia muito especial para a minha amiga Manuela, mas tornar-se-á ainda mais especial se puder contar com a sua companhia.
Apareça, e partilhe esse momento único,na sua companhia.

beijinhos a TODOS

musica ** Madalena

Foste desenhada







Foste desenhada
na sedução de um olhar
de um devaneio de verão.
Louca a noite
de fragmentos inconscientes,
no tormento da paixão
insólita
mas bela.
A madrugada
tocava o som
das ondas límpidas
numa praia
azul,
anilada,
perfumada
num desenho
intocável!

Assim és, assim fui.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

É a verdade do silêncio

É a verdade do silêncio
que embalo neste regaço
feito de trapos coloridos.
O espelho do tempo
procura o semblante
gasto
pela inércia da vontade.
O som forte
deste silêncio
espalma o vigor
de uma fúria
contida
num incontido soluço.
Gestos rasgados
da procura de sons
que serenem
amaciem
o coração cansado,
já atordoado
por este
estridente silêncio.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Canta uma canção

Canta uma canção
para eu não dormitar.
Aquece com palavras
este corpo arrefecido.
Faz-me sorrir
que tenho medo
de me afogar
nestas mágoas.
A tua melodia embala
os vigores deste corpo
que já sinto em desmaio.
Canta,
canta mais canções
para eu não chorar.
Teus acordes
finos, suaves, doces,
são o elixir da
minha existência

Canta!
canta mais uma canção,
enquanto
...
enquanto
ainda estou viva.

Deleito meu olhar

http://61226.com/self/macau.htm

video enviado pelo meu amigo Armando Coutinho


Deleito meu olhar
em ti cidade, feita princesa

Simbiose de cores e cheiros,
tradições seculares
entrelaçadas
como cabelos negros, longos,
que esvoaçam em livre
vento manso e doce.
Quietude silenciosa
que se espraia no teu Delta das pérolas.

Deleito meu olhar
em ti cidade, feita princesa
preciosa, cobiçada, desejada.

Amante fico do teu cheiro agridoce,
enfeitiçado espero o encontro
do teu leito de cetim,
cativo estou do teu encanto.
Água do Lilau que bebi
e me torna teu prisioneiro,
o desejo de não te abandonar
a saudade prematura que já é.
Minha cidade, minha princesa...

sábado, 8 de setembro de 2007

Fios de prata

Fios de prata
numa moldura transparente
onde as emoções dançam
em silêncios de preces.
São de prata
ou de ouro
a ilusão pertence-me.

Galopo
nas crinas perfumadas
deste unicórnio
que me transporta
em segredo.
E em silêncio
escutado por muitos,
na tranquilidade estranha
que se entranha em mim,
nos postigos
das minhas lembranças,
nas portas que no tempo
se vão abrir
em passadeiras
multicolores
de pétalas soltas,
...
........
desfio
e fio
fios de prata
de mim.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

PRÉMIO CANETA DE OURO



Fui indicada para o "PRÊMIO CANETA DE OURO –
POESIAS 'IN
BLOG' 2007", idealizado por ANDRÉ L. SOARES e RITA COSTA. Para
conhecer as
regras desse evento clique
AQUI. Participe!



Cabe-me então, indicar 5 poemas que também irão a concurso, caso aceitem:

são os seguintes os poemas

Poema: Teu beijo
Autora : Vera Silva
Blog: http://prosas-e-versos.blogspot.com/


Poema: Sem remetente
Autora: Manuela Fonseca
blog: http://ensaios-poeticos.blogspot.com/

Poema: Homem Poeta
Autora: Vanda Paz
blog: http://www.nectardaspalavras.blogspot.com/

Poema : Falo com os versos, como se foras tu
Autora: Mel de Carvalho
Blog: http://noitedemel.blogs.sapo.pt/

Poema: Dança
Autora: Vera Carvalho
Blog: http://petalasminhas.blogspot.com/

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Despi-me de mim


Despi-me de mim
vesti-me de ti.

Enrosquei-me
no oceano do teu corpo
como se a minha pele
tua fosse.
Respirei o teu olhar
olhei-te enfeitiçada,
enamorada...

e nesta partilha
ténue, quase translúcida,
coloquei-me na montra da ilusão,
voltando
a vestir-me de mim.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Certificado


Recebi este certificado da minha amiga
Conceição Bernardino.
http://amanhecer-palavrasousadas.blogspot.com/

Obrigada pelo carinho.

Aqui estou

Aqui estou
muda,
inquietamente
tranquila
mas calada, assim.
Fecho os olhos
ao teu silêncio,
dou a mão
ao teu sorriso,
abraço a tua agonia
e visto-me
assim…

embalada pela nudez
das tuas lágrimas.

Perfumo de rosas
teu nome
e assim
te sublimo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Elas são tantas


Elas são tantas,
tão desamparadas.

Olhar vazio em tempo vazio.

Espectro negro
que as envolve

E eu sem nada poder fazer!

O tom da minha voz
não chega alto...
Quase emudeço só de as olhar.
Aqueles olhos pedintes
de tão pouco, mas tanto.

É a fome, horrível verdade,
é a luxúria que contrasta,
a frieza de quem gasta
é a raiva de quem sofre,
é a dor de quem morre!

E eu sem nada poder fazer!

sábado, 1 de setembro de 2007

Afastei-me tanto

Afastei-me tanto
que já não reconheço
nem a cor
nem a dor.

As feridas,

(testemunho do tempo
que percorri
no sentido inverso)

cobriam a alma
numa penitência
constante.
Faço um esboço
de um projecto futuro
e entre palavras
soltas,
encadeadas,
emudeço
no encontro
de recordações,
ou nas rugas
que a idade me consagrou

musica ** Adamo

Noite tardia

Cacimba de uma noite tardia
envolvente, inibidora.
Os corpos ondulam
em sedas macias.
Uma lágrima sulca rostos
desfigurados
em inconsciente vertigem
numa manhã
que não acontece.

musica ** Serge Gainsbourg & Jane Birkin

A dança

Eu só queria voltar
a dançar contigo.
Quero a nossa música
que nos fazia sorrir,
tremer, estremecer
nos teus braços.
Desejo tanto
uma última dança!
Sentir teu corpo no meu,
tuas mãos procurando
o toque do minha pele,
sentir teu respirar
nas curvas do meu cabelo...
O ritmo, pouco importa.
Somos nós e os nossos mimos,
que tremulamente
nos vão serenar.

Uma última dança
para te dizer,
ouvir,
soluçar e não falar
e tudo, mas tudo
ser dito,
sentido
até ao âmago
do fogo que nos consome.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Passa por mim brisa


Passa por mim brisa
suave, temperada
numa calmaria
que cala.
Pululam
rosas em botão
nas roseiras
plantadas
aqui, ali
numa harmonia
ao acaso
e nesta ausência
de ruídos
escuto,
quase desmaiando
em temperatura febril,
a tua voz
longínqua,
presente
nesta ausência
ignorada por demais!
Sossego-me
nos verdes
azulados
desse mar
que é meu vizinho.
E assim
me dou
completamente despida.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Havia festa por ali

Havia festa por ali
o enlevo dos corpos
completava-se
nas douradas roupas
que os mesmos trajavam.
Sustentados os egos
em azuis sombras,
na curvatura pronunciada
de falsas pestanas,
os sorrisos, pintados a detalhe,
arqueavam-se
no reconhecimento
das vedetas.
Todos eles
enlaçados numa neblina
de mistérios,
faziam pose
às fotos que aconteciam
planeadas
premeditadas

Passei
olhei, atentei…
E curiosamente
ninguém me reconheceu
......... Tinha pintado o cabelo!

domingo, 26 de agosto de 2007

Sombras


As faces tem sombras,
não são vistas
estão escondidas
numa teia de ruelas
em janelas obscuras
num carrossel de odores,
na penumbra
de neos adormecidos.
Noite adentro,
em diálogo
ou monólogo
o silêncio impera!
É rei,
senhor ou escravo...
Tanto faz....

Elas, as sombras,
estão lá
moldadas numa claridade
que ofusca
os medos do confronto.

sábado, 25 de agosto de 2007

Fecho as mãos


Fecho nas mãos

algumas letras do alfabeto

e numa atitude virginal

escrevo teu nome

em lençóis de linho,

que cobrem

este corpo

quase moribundo.

Desalinhada,

descrevo círculos

num compasso

que me deleita.

Conto

contas em oração

e em silêncio,

em perdição,

escondo o sufoco

do grito dilacerante,

que me rasga,

esventra

em cólera

que sulca memórias

de uma imperfeita

dignidade,

espumada

em mãos vazias

de nadas!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

musica ** Sara Tavares

Quando tiveres vontade


Quando tiveres vontade,
lembra-te de me dizeres
que não tens vontade
para falar comigo...

Não te inquietes
com as minhas inquietações
da tua ausência.
Não percas o teu tempo
com receios
do meu receio
de não te ver... faz tempo...

(as minhas lembranças
são diferentes das tuas)

Não te questiones
com as minhas questões
sobre nós

(são meros acasos)

Não forces sorrisos,
para correspondes
ao sorriso que te dou,
enquanto espero pelo teu.


Lembra-me para te dizer,

que já não tenho vontade
para falar contigo.

Misturei palavras soltas


Misturei palavras soltas,
encontrei frases sem nexo.
Embrulhei-as em pétalas de flor,
reguei-as em mescla
de sabor adocicado.
Troquei letras,
acrescentei mistério,
solucei de inquietude,
tremi de susto,
sorri ao acaso do silêncio
e, plena de paixão,
voltei a trocar as letras,
encontrei diferentes signos.
Abracei o mundo,
consegui!

Precisava tanto
de amar este mundo,
dito perdido.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

musica ** Dina

musica ** Irmãos Verdade

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A cidade adormece


A cidade adormece
embalada por pirilampos
que rasgam o céu estrelado
de trompetes,
barulhentos e ensanguentados.
É a noite que amanhece
prematura, mas viril.
Nauseada
e quase moribunda,
a cidade
vai ficando
viúva constantemente.
É a solidão
de quem vive no medo
do encontro imprevisto,
na penumbra
do desejo que se dilui
numa chama
que não se quer apagada.

domingo, 19 de agosto de 2007

Não resisto ao feitiço da noite


Não resisto ao feitiço da noite,
transporto-me numa brisa
que atordoa,
arrasta-me
em pálido
ou brilhante encontro.

Um corpo que vou aceitar...

É o convite de uns olhos,
consentido desejo
do inconsciente.
Subtil máscara
que enfeita
me transfigura,
qual gazela sinuosa,
felina leoa,
mas sempre,
sempre
predadora da noite...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

musica ** Rui Veloso

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Em cetim branco


Em cetim branco
de pureza e suavidade,
inclina teu corpo.
Cobre-o com manta
bordada a pétalas
de rosas sem espinhos.
Adormece ao som
da melodia das musas,
procura mágicas coincidências
em amores especiais...
E...

Sonha!
Sonha o milagre
de o encontrar de novo!

domingo, 12 de agosto de 2007

musica ** Carlos Paredes

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Dedicatória- Diferentes Momentos


Dedicatória


Nasceu o sol, nasceu a lua e eu continuo dividida. Amo o sol, amo a lua. O sol dá-me calor, a lua faz-me sonhar.
E penso e repenso se o calor é mais forte, se o sonho é mais belo. E resta-me o consolo de ambos me fazerem sentir que valeu a pena ter existido, porque assim me é permitido amar o sol, amar a lua com a mesma paixão, a mesma razão.

Sou o ser mais especial do universo. Sou a mãe do sol, sou a mãe da lua.
A ti Bruno, a ti Renata




E segredou-me então o universo: - Eu sei que és a mãe do sol, a mãe da lua, por isso te dou uma prenda feita na minha mágica oficina. Queres aceitar?
Quero, respondi pronta e curiosa.
- Aqui está, feita à tua medida, fui aos teus sonos e recreei o teu imaginário,
terno, lutador, amigo, companheiro. Será teu na condição de o cuidares para todo o sempre. Não quebres a magia desta dádiva.
- Não, retorqui com determinação.
E aceitei esta oferta, transportei-a ao meu passado , converti-a no meu presente e quero que seja o meu futuro.
Posso ser a mãe do sol, a mãe da lua, mas este presente que me foi dado pelo universo é o pai do sol é o pai da lua.
A ti Fernando.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Espera por mim


Espera por mim
tens todo o tempo
só para ti.
Quero ainda um sorriso
um olhar cúmplice
uma palavra .
Espera por mim
só mais um instante
quero sentir teu corpo
ainda quente
antes que a maldita
te envolva.
Espera um pouco mais
já estou a chegar,
corro numa pressa
incontrolável.
Espera por mim
meu querido
quero que oiças a minha voz
sintas minhas lágrimas
meus soluços
minhas dores.
Tenho fome da tua pele
dos teus mimos tão sentidos
Espera por mim
Que ela não se atreva
a chegar primeiro.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Que suspiro louco


Que suspiro louco
contido
neste peito
já por si
tão quieto.
Esboço tímidas
palavras,
monossílabos apenas,
que a soma das letras
não tem ouvintes.
Muda continuo
em vigília
deste tormento.

Rasgo-me.


Trespassa-me
esta dor bastarda.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

musica ** Julio Pereira

musica ** João Pedro Pais

musica ** Sergio Godinho

musica ** Maria Albertina

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Caminho



Caminho,
corro num vale enorme
o meu cão
corre atrás de mim.
Que alegria!
Caio na relva
salpicada de mil e uma flores.
É lindo
rebolo, rio e o cão também.
Que felicidade poder brincar e sorrir.
Já cansada eu paro.
Deleito-me na relva ainda húmida
da cacimba da manhã
e penso, e escuto
o chilrear do passarinho
que lá longe sorri
passeando a sua liberdade...

E eu choro, tenho inveja,
escondo a cara dos raios solares,
o coração palpita,
a formiga labuta
na sua tarefa alegre e feliz.
E eu grito
um grito mudo
que ninguém ouve,
mas ecoa dentro de mim.
Emudeço,
também quero ser livre.

Então o cão, o passarinho,
a formiga e a cacimba
vêm beijar-me
e preparam
o funeral da minha tristeza.


E eu, sonho de novo.

Não tenho tempo















Não tenho tempo
para ti, filho.
A vida corre em tropeções
e eu não tenho tempo.
Quando me queres beijar
não tenho tempo
porque o tempo passou.
Chego a casa cansada
e não tenho tempo para dialogar.
Não tenho tempo
para as tuas incertezas
porque o meu tempo é incerto.
Não tenho tempo
para te embalar
ou contar uma história
porque agora o tempo é diferente.
Tem paciência, filho,
ganha tempo para esperar
pelo meu tempo
que não tenho para te dar.