A manhã aclarara
A manhã aclarara,
o barulho da madrugada
tinha agora um ritmo contagiante.
Rostos sonolentos,
pinturas ainda frescas,
sorrisos envergonhados,
livros abertos nas mãos,
numa última leitura apressada.
Aninhava-se a criança
no regaço doce e quente,
como se o joão-pestana
não a tivesse despertado.
Faziam todos eles,
parte desta aguarela
colorida à pressa....
E na curva do relógio,
estúpido,
estavas lá.
De mochila ao ombro,
sorriso ao fundo da vida,
monstro,
vi bem o teu rosto.
Morri ontem
e não pereci sozinho.
Foram muitos
os companheiros
desta viagem
sem bilhete de regresso.
2 comentários:
Num dia, todos fazemos parte. No outro dia, a curva do relógio é implacável...
Gostei!
Beijinhos*
Manuela
Este teu poema, mesmo estando muito bem escrito, é para mim um enigma, pois não consigo ter a certeza do contexto da narrativa.
Tempos de guerra?
De internato num colégio?
Enfim, não será importante, cada um situará o poema de acordo com a sua imaginação. E isso também é interessante na poesia...
Boa semana, beijinhos.
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